O sol rompia
pela cortina escura do quarto,
estiquei os braços com toda a força
como se esse gesto me libertasse
e me fizesse despertar mais rápido...
Sentei-me na beira da cama,
passei a mão no rosto,
esperei alguns segundos,
e finalmente dirigi-me a ele,
bem devagar...
De cabeça baixa
e olhos fechados
pensei bem se era isso mesmo que queria,
se estava preparada,
se não me iria arrepender...
Então ergui a cabeça,
abri os olhos,
e olhei-me bem de perto
no espelho...
Finalmente via-me sem medos,
sem mágoas,
sem o ódio que antes sentia
cada vez que vislumbrava meu rosto...
Vi as minhas cicatrizes,
essas
que há tantos anos me percorrem parte do rosto,
olhei-as como se as visse pela primeira vez,
toquei-as como quem aprecia um fino tecido precioso...
toquei-as como quem aprecia um fino tecido precioso...
Afinal não custa assim tanto,
afinal olhar-me,tocar-lhes,
não me faz mais sofrer,
não me faz mais querer apagá-las
e apagar-me...
Finalmente olho-me sem medos,
com gosto,
e sem qualquer mágoa de as ter...
Afasto-me do espelho,
preparo-me,
maquilho-me e saio a sorrir...
Finalmente
sou feliz por me ver...
(Ladybutterfly)
1 comentário:
Sou de opinião que os problemas têm que ser encarados de frente, sem nenhum receio. O mais importante é encontrarmos uma solução e darmos um fim em tudo aquilo que nos constrange.
Belo poema minha amiga.
Beijos e uma ótima semana.
Furtado.
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